quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Receita de Ano Novo - Drumond


Para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Via Luiz Ap.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Menos autoridade, menos


Marataízes botou as duas mãos no troféu "Me Ufano que Eu Engano", uma disputa perna-de-pau travada no verão entre os municípios do sul capixaba do circuito de praias, caminho natural dos veranistas desejosos em "salgar a bifa" e também ficar um pouco de costas para o restante do Brasil.
A dianteira do torneio é pela estimativa da autoridade (interino) do turismo de Marataízes, garantindo a "passagem" de 450 mil turistas na cidade.
Socorro!!! "Serve-me um pára tudo", a moda daqui, que eu quero descer!!!!
Gostaria de ter acesso à base de dados desses "çabios" que trombeteiam tal profecia. O espanto cresce ao ler que "fundamenta" o seu "argumento" na recuperação da Praia Central, obra não concluída, pra atrair os "turistas".
A verdade é que o torneio perna-de-pau não resiste a uma simples análise. No caso de Marataízes, segundo o IBGE/2008, a população é de cerca de 32,3 mil habitantes. Agora, imaginam despejar em 30 dias aqui 14 vezes este contingente, 450 mil veranistas, segundo o cara.
Reflete o despreparo abismal dos órgãos públicos pra trabalhar o potencial da região. Estão a reboque das mudanças, apostando num modelo ultrapassado de veraneio, onde as pessoas tinham tempo pra ficar até 45 dias se deliciando com o ar marinho.
Já era. Esgotou-se. Escafedeu-se.
Não dá também pra livrar a cara da mídia, cabendo a ela uma apuração cuidadosa e critérios na divulgação dos números, independente dos seus interesses comerciais.
Uma economia auto-sustentável faz bem a todos. Não é, portanto, direcionando seus holofotes pra cá e reproduzindo os absurdos, que mudará a indigência. Tá só inflando a egolatria daqueles que têm o seu momento de poder.
Aqui o link da matéria da autoridade.
Em tempo: a população fixa (IBGE) dos cinco municípios relacionados é de pouco mais de 100 mil habitantes. Ora, pois, você dimensionaria a infraestrutura pra aguentar "um milhão de turistas"?
Não existe.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A dor da gente........


Há uma índole no homem que é inaceitável.
A cada dois meses vamos a Vitória, capital capixaba, cerca de 123 km da aldeia, por causa de uma das minhas moléstias. É também oportunidade pra reabastecer nossa despensa, pois os preços nos supermercados da aldeia, ainda mais no verão, são de importados.
O local, Atacadão, é democrático, misturando toda a pirâmide social.
Dia 15/12, voltamos lá e pela segunda vez presenciei o mesmo drama pessoal. Uma pessoa, de uns 50 anos, feliz com seu carrinho de compra, dirigiu-se ao bicicletário. Era um gesto como de outros que ali estavam, sejam eles em seus carros, camionetes, motos, bicicletas ou de ônibus. Mas pra seu desespero, roubaram a sua bicicleta e levaram também a corrente e o cadeado, peças que teoricamente evitariam aquele infortúnio.
Logo ele foi cercado por "seguranças", atraídos pela curiosidade mórbida que bafeja algumas pessoas nessas circunstâncias. O problema seria resolvido com uma câmera de monitoramento no bicicletário, que fica em baixo do posto de observação local.
Saciados, deixaram o cabra sozinho, olhando o horizonte, provavelmente indagando: Logo comigo?
Após uns 40 minutos desnorteado, resignado, decidiu arrumar as compras na caixa que seria amarrada ao bagageiro da sua "ex-magrela". Aí apareceu na sua frente outro funcionário, com características de segurança, e decidiu apelar outra vez por ajuda, contando o seu drama. A "autoridade" mandou ele procurar outro colega que tinha entrando no banheiro. Este, por sua vez, não perdeu tempo e rolou a bola quadrada, indicando procurar a gerência.
Uma coisa é certa: Voltou pra casa apenas com suas compras.

sábado, 19 de dezembro de 2009

domingo, 13 de dezembro de 2009

"Espírito Santo": Um testamento?

Li o livro "Espírito Santo", presente do João Gualberto e Cristina, que devem ter recebido algum sinal do meu desejo por ele. Valeu amigos.
Assinado pelo juiz Carlos Eduardo Ribeiro Lemos, pelo secretário de Segurança do Estado, Rodney Rocha Miranda e por Luiz Eduardo Soares, coautor de "Elite da Tropa", o livro conta detalhes das investigações sobre o crime no Estado.
É um testamento? Não ousaria a tanto.
A narrativa parte das primeiras suspeitas levantadas, a partir de 2000, pelos juízes Carlos Eduardo Lemos e Alexandre Martins, na Vara de Execuções Penais da capital, onde atuavam como adjuntos. Os indícios, benefícios ilegais a presos, respingavam no juiz titular, um dos acusados do assassinato de Alexandre, morto na manhã de 24 de março de 2003 quando ia para a academia. O acusado ainda aguarda julgamento.
Carregado de detalhes não conhecidos, o livro não nomina os chefões do crime, optando por caracterizá-los através de pseudônimos. Já os executores e outros personagens desse mundo paralelo são tratados pelos verdadeiros nomes. Deferência, também, dada a outros que combateram o bom combate.
A citação da ocupação pública dos "chefões" e a aposta na sonoridade dos pseudônimos como pista dos nomes de certidões - Prates que seria Gratz, Coronel Petrarca pra Ferreira e do juiz Lobo pra Leopoldo, ficando apenas na tríade do mal -, pode até funcionar para o público interno. O externo vai precisar de uma pesquisa pra saber a verdadeira identidade.
Talvez seja este o "pecado" do livro. Ou seja, as evidências sobre o "crime organizado" estão sobre a mesa, mas não personificaram os chefões e parte do seu entorno.
Outro senão ao "Espírito Santo" é a continua citação nominal do governador do Estado. Acabaram exagerando na forma.
Entendo que ao bancar a continuidade das investigações, num momento crucial, menos de três meses da sua posse, com o corpo do juiz Alexandre Martins, abatido por tiros numa rua de Vila Velha, vizinho a Vitória, já garantiria a ele o lugar no panteão.
É está a perspectiva histórica vista hoje: A ambiência política criada pra continuidade do trabalho, inclusive, possibilitou outros desdobramentos de investigações, como a Operação Naufrágio no judiciário estadual, que resultou no afastamento do presidente do Tribunal entre outras figuras.
Ao que parece, o feeling dos autores apostou mais uma vez nesta ambiência política e numa prática do mandatário estadual, apreciador em ter suas realizações retratadas em livros.
Por enquanto tá dando resultado. Após sua publicação, parte do comando da Polícia Militar local peitou o secretário Rodney, colocando outdoors nas ruas e manifestações, pedindo a sua cabeça. Sua excelência fez ouvido de mouco até agora.
Sem dúvida, o livro é uma referência pra entender parte das entranhas do crime no Estado. Trabalhou com farta documentação, sustentando a tese da existência material de uma rede criminosa, lastreada por apoios no Executivo, Judiciário, Legislativo, e na sociedade civil.
Carregou no realismo, variante que os veículos de comunicação imediata não conseguem explicitar. Como exemplo clássico, a escolha pelo título "Espírito Santo".
Sem azedume. Apenas um ponto de vista.
Li, gostei e passo adiante.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Uma etapa


Postei em agosto um texto falando da importância do Andrade, técnico do Flamengo, pra quebrar mais um bastião incrustado na nossa relação Casagrande & Senzala.
Com a conquista do hexa, verdade que não discuto, em respeito aos talentos dos jogadores que disputaram e ganharam o campeonato de 1987, leio na blogosfera outros textos com a mesma linha de raciocínio.
Reafirmo que a contribuição do "Tromba", não só do ponto de vista futebolístico, coisa que domina muito bem, poderá ajudar, em muito, a sociedade brasileira, dentro de uma perspectiva solidária.
Aqui não cabe a pretensão de jogar toda essa responsabilidade em seus pés. A minha esperança é que fique pelo menos a mensagem da nossa capacidade de transformar, de mudar pra melhor.
Já é de bom grado.
Também não se deve relevar o contraponto que ele estabeleceu com os demais "professores" das quatro linhas dos campos de futebol, ao não impor a sua verdade como única.
A continuar sua trajetória atual é possível vislumbrar mais um Carioca, outra Libertadores, o Hepta e o Mundial de Clubes.
Não to querendo muito.
Viu, caro Dino!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Outra da "burrocracia"


Há cerca de 20 dias fui notificado de uma multa de trânsito da guarda municipal da prefeitura de Vitória, conferida ao meu assistente Maumau, vacilo que rendeu sete pontos na sua carteira.
Procurei na notificação um telefone para as providências de praxe. Moro a cerca de 130 km da capital capixaba. Foi inútil. Restou ligar para o geral da prefeitura, que passou o do gabinete do secretário de Infra Estrutura e, finalmente, cheguei ao número do funcionário responsável.
Ou seja, mais custo com três interurbanos.
Boa foi a explicação do dito, indicando procurar a orientação na notificação. Realmente tá lá, mas é preciso de um telescópio pra encontrá-la. A letra é tão minúscula a ponto de crer que "çabio", produtor do formulário, gozou com o cidadão desse lado do balcão.
É uma informação vital e merece tratamento adequado.
Indignado, preparei um texto pra Excelência e encaminhei para o "fale com o prefeito". Pra não perder viagem foi também pra Ouvidoria. É apenas uma colaboração pra uma derrota da "burrocracia". Até o momento nadíca de pitipirica de resposta.
A minha turra com a "burrocracia" é inesgotável.
A tal informação, que é regulamentada por lei, te dá a opção de utilizar Correio ou Detran pra confirmar o recebimento da notificação, informar quem conduzia o veículo ou recorrer da multa. Optei pelo último, próximo à minha casa. Lá informaram que não tinham nada a ver com o imbróglio.
Restou o Correio. Aí, criatura, outra surpresa: não tinha o CEP da rua.
O desfalque financeiro da multa veio embrulhado num processo "kafkiano".
Resignei.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Minha Canção - Os Saltimbancos

"Minha Canção" do álbum "Os Saltimbancos" numa tradução e adaptação de Chico Buarque para a obra de Luiz Enriquez e Sérgio Bardotti.