terça-feira, 20 de outubro de 2009

Atrapalhando a soneca


-Moço, a sua boca tá aberta.
O alerta é de um desses senhores aposentados que passeiam com seus cãezinhos, amarrados nas coleiras, emporcalhando as calçadas das cidades.
Não apoio a criação de animais presos em apartamentos ou casas, principalmente cachorros. Você pode não concordar. Mas é aí que tá a beleza da vida.
Pagando pecados. Uma vizinha deu agora pra pedir os jornais que doou aos recicladores - fazemos isso também com outros materiais recicláveis. É pra sua cachorra cagar e mijar. Tô atordoado com essa heresia, um pedido nada nobre, que vou passar a negar.
O aviso do início foi dado ao Maumau, de Maurício, meu assistente de direção, pra algumas viagens a Vitória, capital capixaba.
Maumau é uma indicação do Abobrão, esse último cria do Luis Ap, grande camarada das lidas jornalísticas, políticas e festas.
O episódio com o Maumau aconteceu nesse outubro.
Enquanto aguardava o médico pra revisão de uma das minhas moléstias, que precisam ser vigiadas, ele a Paula, minha mulher, saíram pra fazer tarefas de rua. Numa das paradas, Maumau aproveitou pra tirar a soneca diária, pós almoço, ali mesmo no carro, extenuado por ter acordado às 5h00, fato não muito usual na sua vida. Só não contava com o flagrante da boca aberta.
E não foi um mal agradecido.
-Pô, muito obrigado! Valeu!
No início do ano, Maumau viveu um grande dilema. Sonhou com um emprego na prefeitura da aldeia, essas promessas que se espalham nas mudanças de prefeitos. Só que condicionou o emprego, desde que "me deixe solto". Tudo em nome da sagrada soneca.
- Tem coisas que só acontecem comigo!
É o resumo da história, pelo próprio, ao ser pego de boca aberta.