terça-feira, 28 de abril de 2009

Ruiu a oligarquia Camata - posfácio



No rescaldo do chororô do senador Gerson Camata (PMDB-ES), uma foto publicada na edição impressa do jornal A Gazeta (ES), de 21/4/2009, página 16, infelizmente indisponível na internet, permite elucubrações mil.
Ela reproduz a presença da deputada Rita Camata (PMDB), no plenário do Senado, acomponhando o discurso do marido.
Em princípio, claro, é um ato de solidariedade.
Agora o conjunto da foto é bizarro. Ao seu lado tá o senador Paulo Paim (PT-RS), e na outra ponta o homem acusado de "pai do mensalão", senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).
A cereja do rega-bofe foi posta por Sarney (PMDB-AP), aquele, afirmando que o "italianinho" é "cidadão exemplar".
Voltando à foto, a expressão facial da ex-santa Rita, reflete a atualidade, carregada, nada do glamour de outrora.
Resta pedir licença ao Ednardo e transcrever trecho da música É Cara de pau (Cauim) - ".... qualquer malandro manja essa falsa inocência. É cara de pau."

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ruiu a oligarquia Camata



Chora, Camata, chora

O bicho tá pegando
Chegou a hora


Tomara que do lamaçal onde chafurdam as autoridades ditas constituídas, sejamos premiados com um aprendizado didático. Nada que venha ser um assombro ou uma revolução. Um passo largo tá de bom tamanho. Depende de nós e não deles.
Pois tá de vaca não reconhecer bezerro.
O chororô do senador Gerson Camata (PMDB-ES), 24 anos de paraíso/Senado, agora, purgatório, pego atracado ao butim, outra expressão familiar a ele, tem precedente.
Na sua campanha ao governo do Espírito Santo, em 1982, primeira eleição direta na agonia da ditadura, num comício em Afonso Cláudio, cidade serrana capixaba, o "italianinho" desancou pra cima do general Figueiredo, então presidente de plantão. Inclusive, botaram pilha, espalhando que uma gravação do falatório teria impregnado o ouvido mouco do cara, um apreciador de cavalos e não dos homens.
E olha que a excelência começou na Arena, escora do regime do general, como vereador, depois deputado estadual e federal. Mudou o vento, embarcou no MDB, meio envergonhado, e se elegeu governador.
Os quatro primeiros meses do seu governo foi sob um intenso disse-me-disse do tal discurso. Tentaram até instrumentalizá-lo num possível cerco administrativo da União ao Estado. E, nessa hora, não faltaram explicações pra amenizar o bang bang capixaba.
A mais "sensata" foi que o "italianinho" tava sob efeito da boa "branquinha Thimotina", produto etílico local.
No meio do angu, ele conseguiu ser recebido pelo general. Segundo versões da época, o "italianinho" teria também derramado lágrimas no tapete do Planalto.
Não da confirmar como agora, foto acima, chupada da internet, do pronunciamento no Senado, em 20/4/2009.
Portanto, o dito do "homem-bomba" - (rola a barra)-, Marcos Vinícius Andrade, sobre o chororô no Senador, "ele tem vocação para ser ator", procede.

Não clicou nos destaques, então um resumo do imbróglio - Marcos Vinícius é economista. Trabalhou 18 anos com a excelência e foi despejado da carroça. Contrariou o Chico Buarque, da música "a dor da gente não sai no jornal", e contou coisas que diz saber do "italianinho", tipo "esquentar" sobra de campanha (200 mil), ficar com parte de salários de funcionários, receber mesada de empreiteira e auxílio moradia, com casa própria em Brasília - sua mulher, deputada Rita Camata, tem outros três contos de auxílio moradia.

É um casal dinâmico.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Eu tenho siringomielia V


De volta ao Sarah

Siringomielia, siringomielia
Na tristeza e na alegria
Minha fiel companhia
E, assim, siringomielia
Deito, acordo, levanto, caminho
Você não me deixa por um dia
Pois é siringomielia
Quanta surpresa!
Quem diria!
Mesmo com essa pobre rima
Fui capaz de fazer algo que não sei
É poesia?

Siringomielia agora é caso médico.
Decido assumir de vez e fazer o que não tinha feito até então, tratar o problema como ele é, uma doença.
No final de 2005, procurei ajuda ao Hospital Sarah, de Brasília, na condição de ex-paciente e também ancorado no apoio da Rosi, amiga de trabalho da minha passagem por lá. Também empurrado novamente por outra crise infernal na coluna, me deixando torto, empenado e paralisado.
A consulta foi marcada pra fevereiro de 2006. Garibamos o "pretinho", sem adaptação, e com a Paula, rumamos pra Capital Federal, refazendo os cercas de 1.300 km do percurso feito por diversas vezes, em outro tempo. É um caminho conhecido, uma oportunidade pra parar novamente em Três Maria, uma das represas do "Véio Chico" - Rio São Francisco -, comprar o Dourado, assá-lo e comer acompanhado de arroz branco, purê de inhame, com uma colher de sopa de melado, posta no seu centro, cercado por ramos de salsa.
Ficamos cerca de 40 dias em Brasília, fazendo uma bateria de procedimentos médicos, entre exames, consultas e avaliação física motora.
Sobrou tempo pra rever a cidade, inchada na periferia. Voltar a Pirinopólis (GO), na casa da Leda e Zé Antônio, e encontrar a Conceição, Edgar, Oneida, Aroldo e Márcia, o povo de Goiânia.
Além do aspecto pessoal, o retorno foi importante também pra fechar um ciclo de convivência com a "mimi".
Tenho um histórico bem fundamentado da sua evolução. O prontuário está no Sarah. Ele reúne as primeiras imagens da ressonância, investigando a doença, feito 1992, além dos outros exames da minha primeira passagem pelo hospital, em 1996, incluíndo o da marcha. Faço questão de destacá-lo, pois é pra mim, leigo em medicina, a forma concreta de visualizar o estrago da doença, pois permitiu confrontá-lo com o resultado do exame feito nesse retorno. Reitero a negociação que faço pra publicá-lo aqui.
A ressonância mostrou o avanço da doença até a T3 (torácica) - ela tomou de assalto toda cervical.
A novidade ficou por conta do exame de pressão da bexiga. Controlo razoavelmente a urina e o intestino, sem abusar, pois falta mobilidade pra chegar a tempo no banheiro. Não saio de casa sem o ritual matinal e evito tomar muito água. Lá fora é cruel e bom ao mesmo tempo.
Concluído os exames é hora do veredito dos neuros. A seringomielia, mesmo chegado a T3, se estabilizou. A recomendação foi o tratamento convencional. Nada de medicamentos ou intervenção cirúrgica. Apenas acompanhamento médico e exercícios.
Fui encaminhado ao ginásio do lesado medular pra uma avaliação física motora.
De cara, ganhei duas bengalas canadenses, abandonando a que me acompanhou desde 1998, e também liberando o apoio da Paula pra caminhar. Mais autonomia.
Depois passei uma semana na hidroterapia, treinando uma série de oito exercícios, com duração de 40 minutos.
Era a hora de voltar.
Entendi aquele momento, a doença e suas consequências e, principalmente, ter chegado a hora de agir pra não cair de vez, perder toda autonomia, ou me tornar um estorvo.
Questão de consciência e sobrevivência.
Uma coisa é irreversível: A idade reduz nossa força, nosso vigor físico. Não adianta ir contra a natureza das coisas. Portanto é necessário respeito a essa dinâmica. Também não é perder as oportunidades que surgem.
Arrumamos as malas e demos um até breve ao planalto central, rumo ao nível do mar, motivado pelo novo desafio: hidroterapia e retorno anual ao Sarah.

Continua.....

*A siringomielia é uma doença na medula. Ela dilata o canal central, criando uma cavidade que pode prejudicar a circulação do líquor. Ela se desenvolve lenta e progressivamente, afetando membros inferiores e superiores, provocando enrijecimento e perda da sensibilidade, além de dor de cabeça, problemas neurológicos e espasmo. Cada caso é um caso. É rara. Não tem cura. É preciso conviver com ela.
Outras informações no http://siringomielia.blogspot.com, em espanhol.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Meu pé de pitanga



Meu pé de pitanga não é apenas uma lembrança na memória por suas deliciosas frutas vermelhas, de sabor agridoce, cuja produção iniciava-se sempre a partir do mês de outubro. É também uma grata recordação pelo seu porte e beleza.
Se ainda vivo - a natureza se renova - não hesitaria em deflagar uma marola pra ele figurar no guiness como a maior pitangueira do mundo.
Não só por sua altura, nada desprezível, de uns sete metros, mais por sua circunferência.
Sem exagero, pra mais de 15 metros.
Era tão generoso que sob sua copa cabia até três animais adultos, a procura de sombra, em dia de sol de pocar. Também alimentava com seus frutos os pássaros. Uma festa. Os galhos serviam ainda de porto seguro pra ninhos ou casas de marimbondos, construídos sempre ao lado das pitangas mais cobiçadas.
O meu pé de pitanga não foi plantado pela mão do homem, não pelo dito "civilizado". Como é uma espécie nativa da mata atlântica -o nome vem do tupi-guarani pyrang-, ele acabou sendo preservado na derrubada da mata. Tornou-se uma árvore solitária no meio de uma roça de milho, feijão, algodão, café, que depois virou pastagem, esse ciclo da nossa agricultura.
Ele ficava na Jacutinga, interior de "jerominho", Jerônimo Monteiro, Sul do Espírito Santo.
É só uma boa lembrança na bagagem.

PS - O escrito foi impulsionado após uma cena que vi da janela de um apartamento na 302 Norte, Brasília. Era um domingo, olhando a paisagem, vejo uma criatura descer de um carro parado ao lado do canteiro central da via e passa a colher algo de uma árvore. Em seguida, a mesma cena se repete com outra pessoa. Percebi, então, que é extensa a lista de loucos por pitangas.
Além da vermelha tem ainda a amarela e a preta. Não conheço. Só não é encontrada nos mercados da vida porque não caiu no gosto do capitalismo.

sábado, 4 de abril de 2009

O vento e as águas que veem do sul



O vento é o primeiro a chegar. Ora sozinho, ora empurrando nuvens d'água pra renovar a vida sobre Gaia. Essa é a regra da natureza. Aliás, regra, não. É Lei. Mesmo que o homem tenha e continue sua escalada autodestrutiva, ela continua ditando calmaria e tempestade. É bom que continue assim porque é impossível satisfazer cada desejo. Como tá quente, não? Chove muito. Será que não dá pra fechar a torneira? Até tentam, com orações e queima de palha benta, interferir na sua lógica. Enfim, como outros temas indigestos, é melhor deixar a natureza exercitando a sua lei maior de mandar chuva ou sol.
O vento e as águas do sul voltaram há duas semanas. Já era hora. No mar, a cada dia uma corrente marítima muda a coloração da água. Uma variação de tonalidades verde. Hoje, por exemplo, um verde esmeralda.
Na terra não é diferente. A vegetação recompõe suas forças e a feira novamente está cheia de produtos, inclusive aparecendo as primeiras verduras verdes, quem mais precisa da água que vem do sul.
Os pássaros também aproveitam pra tomar banho.
E, a continuar assim, serão 40 noites e 40 dias.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A "Santa" que virou ex



Ex-musa da Constituinte, mãe, tia e quase avó do Estatuto do Adolescente e do Menor, Rita Camata, deputada Federal do PMDB-ES, mora num imóvel próprio, em Brasília. A Excelência foi flagrada mamando/pegando/recebendo/embolsando a merreca de três contos da Câmara dos Deputados.
A merreca é para os nobres que não moram nos apartamentos funcionais da Câmara, um latifúndio urbano de cerca de 300 metros quadrados, equipados com camas, colchões, armários, mesas, cadeiras, sofás, geladeira, fogão e máquina de lavar. As Excelências entram apenas com roupas de cama, banho e utensílios domésticos. Coitados. A merreca - auxílio moradia - é pra pagar hotel/aluguel/hospedagem, entendeu, Mané.
A ex-musa tentou se explicar, mas não justificou.
É rolo, Excelência. Não adianta esticar a corda. Ela é capaz de dar uns nós a mais no seu pescoço. É a volta do cipó de aroeira. Ou seria da gurumbumba?
Tá vendo, patuléia, ano que vem tem eleição. É provável que a coitadinha vá querer continuar recebendo a merreca pra pagar o seu IPTU.
Qual? Do imóvel de Brasília ou da mansão na Ilha do Frade, um dos metros quadrados mais caros do Espírito Santo?
Oh! Mundo tão desigual!

Ops. Este post é dedicado ao Lucas, que na década de 70/80 trabalhou no salão do Ademir cabeleireiro, na rua Nestor Gomes, próximo ao Palácio Anchieta, sede do governo capixaba. Era um especialista em tricô de corredor palaciano e cabeleireiro da ex-primeira dama, Irene Alvares, bem lembrado por Fiorotti. No debut eleitoral da "Santa Rita", 1985, antevendo o futuro, ele liderou uma "fogueira amiga", alimentada por vários santinhos da sua campanha. Foi na inauguração do Teatro Carmélia, em Vitória. Com o marido, Gerson Camata, que entregou o governo ao seu vice, candidato a senador, formaram uma dobradinha infernal. E, inflada por Orestes Quércia, doido pra ser presidente, de quem ganhou uma frota de carros pra rodar o Estado, o "belo rosto" se transformou, então, num fenômeno eleitoral, de cerca 150 mil votos, num colégio de pouco mais de um milhão de eleitores. Um espanto pra época. É algo comparável ao trem da Vale do Rio Doce quando desce de Minas Gerais, puxando 50, 60 vagões de minério, espalhando pelo mundo o subsolo das serras dos gerais. A jovem de "rosto bonito" chegou ao Congresso Nacional com esse currículo. Foi sucesso!