sábado, 1 de março de 2014

O ES no caminho da descoberta do ouro

Os caminhos do ouro também cruzaram o território capixaba. Lucas Figueiredo neste seu ótimo Boa ventura faz uma revelação surpreendente. Embora seja controverso quando e quem ele afirma que o primeiro documento oficial do achado é de 1693,feito que coube ao bandeirante Antônio Rodrigues de Arzão. Arzão e seus cerca de 50 homens caçavam índios nos sertões de Minas e num local conhecido como Casa da Casca encontrou um ribeirão com disposição de ter ouro. Com experiência em mineração ele usou os pratos de chumbo como bateia. O local era dominado por índios bravos e sua comitiva foi cercada. Escapou pelo rio Doce e veio parar no litoral do ES, quase nus, sem pólvora ou chumbo, mas trouxe ouro, equivalente ao peso de dois dentes de alho, entregue ao Capitão-Mor Regente da Capitania, João Velasco de Molina. Era a primeira prova do metal precioso apresentado a um Agente da Coroa Portuguesa. Talvez pela insignificante quantia, Velasco não comunicou o fato aos seus superiores. Mandou cunhar duas medalhas com o metal, uma pra ele e a outro para o bandeirante.
Em 1573, a segunda expedição da caça ao ouro, comandada por Sebastião Fernandes Tourinho, saiu de Porto Seguro e passou pelo ES rumo a MG, voltando à Bahia de mãos vazias.
Outra revelação do livro é o empenho pessoal de D. Afonso VI na organização da expedição do então recém-empossado governador das Minas de Paranaguá, atual Paraná, e da Serra das Esmeraldas, uma lenda, Agostinho Barbalho de Bezerra. D. Afonso, segundo rei de Portugal restaurado, livre da tutela dos monarcas espanhóis, encontrou a coroa falida. Desceu do pedestal e escreveu a diversos bandeirantes pedindo ajuda. Em 1666, abastecido de viveres e munição, Agostinho Barbalho saiu de Vitória com sua tropa rumo ao sertão, margeando o rio Doce. Um ano e meio depois moradores do Rio de Janeiro receberam o que restou da expedição: alguns poucos sobreviventes. Agostinho não estava entre eles.