sábado, 28 de fevereiro de 2009

Menina Céu

É muito bom quando alguém de alma limpa cruza sua vida. Estou falando de humano. E, todo humano, na essência da sua natureza, é cópia única nas suas virtudes e fraquezas.
Menina Céu, ao lado, mora e trabalha em Brasília. No começo - nos conhecemos há cerca de dois anos - era a "rainha, o furacão da 302 N". Agora, após uma repaginada, foi elevada a condição de "Menina".
Mesmo em "repouso", não faltou com a obrigação do que mais gosta de fazer, amassar e ser amassada por seus "negões", pra acordar no dia seguinte com um largo sorriso e a pele sedosa.
Outro esporte favorito seu é o forró. É pra isto mesmo: caçar. E carrega a mulher dos outros.
Tem sempre uma trupe ao seu redor. Ao contrário do seu chefe, seco e sisudo, Menina Céu esbanja humor, alegria, compreensão e contemporiza, características que atraem e cativam as pessoas, humanizando a convivência no apartamento que administra.
Seu mais recente troféu é a Gabi, sua neta, pra dar continuidade a sua linhagem.
Também adotou a Biscoito, zumbi da quadra, viciada em jogo do bicho, figuraça, como sua auxiliar de serviço. Ela, como nós e tantos outros, formam o seu exército de seguidores.
Vida longa, Menina Céu, é o nosso desejo, meu e da Paula, pra continuar forrózando nas pistas e despertando olhares desejosos.
Continua vivo o projeto do seu busto pra ser colocado na entrada da quadra.
Ah, sim, Menina Céu é trabalhadora, competente e responsável.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Eu tenho siringomielia* III


Sarah & bengalas


Meu primeiro contato com Brasília foi entre 1972/73. A siringomielia deveria estar adormecida, algo parecido com aquele conto da Bela......
Como o "Boiadeiro", a música da Legião Urbana, fui em busca de trabalho.
A capital federal engatinhava, comandada pela ditadura, agora remendada pela FSP - Folha de São Paulo - como "ditabranda".
Arrrrrrgh!!!!
Era o tempo do "aqui o sistema é bruto". A qualquer sinal, os verdes olivas estavam nas ruas.
Foi uma passagem relâmpago, que me levou a Posse, Guarani de Goiás e Alvorada do Norte, todas no Norte de Goiás, quase na divisa com a Bahia. Não era minha praia. Chutei tudo pro alto e voltei à origem, convicto de um dia retornar.
Pois, 23 anos depois, de volta ao planalto central.
Com limitações, é verdade, agora com siringomielia, só que também cheio de expectativas com a experiência que aquela oportunidade me traria.
É bom colher pela ousadia do que se lamentar pela omissão.
A "mimi" era fato. O comprometimento da marcha irreversível. Só que minha cabeça fervia pelas possibilidades que se mostravam.
Três episódios, todos ligados à rotina de trabalho, chamaram a minha atenção.
A perna esquerda arrastando cada vez mais e sem potência pra caminhar, cerca de 600 metros, da garagem até o gabinete, no anexo IV, da Câmara dos Deputados.
Na entrada do prédio tinha uma escada de uns oito degraus. Nada de lances altos. Passei a procurar apoio lateral pra descer ou subir o local.
O terceiro episódio foi a dificuldade em usar uma escada rolante entre o Anexo IV e o plenário da Câmara. Não tinha mais firmeza pra entrar ou sair da coisa. O equilíbrio e o passo não chegavam a um acordo. Bobeou? Tá lá um corpo no chão!!!!!!!
, é sério - pensei.
Em 1996, procurei o hospital Sarah. Aceito, fiz diversos exames. Um chamou mais a atenção, o da marcha. Filmaram as quatro formas das minhas caminhadas. É um registro único do que estava acontecendo quatro anos após a confirmação da siringomielia. ( conversado com meu médico pra liberar as imagens desse e de outro exame feito em 2006 e publicá-los aqui).
O médico indicou o tratamento tradicional, a fisioterapia, para fortalecimento dos músculos. Por cerca de três meses frequentei o ginásio e a hidroterapia. Findo o prazo, recomendaram pra continuar a reabilitação fora.
Cheguei até a encarar a recomendação, só que não passou de quatro meses. É difícil conciliar essa rotina com sexo, droga e rock and roll. É preciso optar. Não estava preparado, confesso. Pra mim, naquele momento, ainda conseguindo me movimentar e, principalmente, dirigir um carro sem adaptação ou câmbio automático, em viagens de Brasília a Vitória, e viceversa, era o que importava. Tinha autonomia de ir e vir. As consequências seriam resolvidas depois.
Esta autonomia permitiu, por exemplo, que em 1995 aventurasse num acampamento às margens do rio Araguaia, em julho, quando as águas baixam e formam "praias" de extensas faixas de areia, muito legal, a convite de amigos/amigas de Goiânia. No ano seguinte voltei e tive sérias dificuldades pra entrar e sair do barco que levava até o acampamento, caminhar na areia e dormir na barraca. Foi a minha última aventura deste quilate.
Daí a ter a minha primeira bengala não demorou muito. Aconteceu num lance curioso. Nada de indicação médica ou de fisioterapeuta. Um amigo da turma de Goiânia, Vandinho, consultou outro, Aroldo Márcio, como reagiria ao presente, entendendo ele que a bengala me ajudaria. Aceitei e ele mandou trazer de Nova York. Tinha o cabo na forma de um taco de golfe e desmontável. Usei por uns oito meses durante 1997. Um dia não resistiu meu peso e quebrou. Não teve outro jeito, não dava mais pra caminhar sem apoio. Comprei outra, mais resistente, minha companheira até 2005.
Eu consegui desenvolver uma razoável técnica na arte de cozinhar, principalmente pratos com frutos do mar. Em algumas ocasiões de preparação de almoço/jantares, só mais tarde descobriria ponto de queimadura nas mãos. Assim começou o processo de perda da sensibilidade, outro tipo de manifestação da siringomielia.
O cerco se fechava.
A história continua.

*A siringomielia é uma doença na medula. Ela dilata o canal central, criando uma cavidade que pode prejudicar a circulação do líquor. Ela se desenvolve lenta e progressivamente, afetando membros inferiores e superiores, provocando enrijecimento e perda da sensibilidade, além de dor de cabeça, problemas neurológicos e espasmo. Cada caso é um caso. É rara. Não tem cura. É preciso conviver com ela.
Outras informações no http://siringomielia.blogspot.com, em espanhol.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A aldeia é nossa!!!

Foi uma temporada de verão como as outras, diferente, pois nada é estático, tem a dinâmica do tempo, da vida. Não é poste.
O PSP - Povo Sem Praia - veio em número reduzido, nada que se compare as manchetes de determinados jornais e tvs, que insistem em inflar o número de banhistas perambulando aqui.
Tipo assim: "300 mil turistas em Piúma". Ou "380 mil turistas em Itaoca e Itaipava".
Ai, ai, ai, minha canela!!!!!!
É um chute fenomenal, o de agora, não aquele de quando o cara jogava de verdade.
Crise econômica, temporais e feriado longo no final do ano. Alguém pode pinçar um desses exemplos ou juntar todos pra explicar o que aconteceu. É um exercício mental.
Não fique desapontado. Se até Davos, aquela reunião dos ricos, deu chabu.
Mas só sei que passou a temporada dos banhistas e a aldeia voltou a ser dos nativos e agregados.
Utilidade pública: Uma salva ao juiz de direito local pela portaria colocando ordem na zorra de carros com som. Funcionou por que respaldou a ação policial.
Que estenda sua validade para a próxima temporada do PSP, sem a mínima chance de qualquer semelhança com a de 2009.
Tente viver e verás.