quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A lógica


Do outro lado da foz do rio Itapemirim, sentido Norte, sobrou pra Itapemirim, após a criação do município de Marataízes, no ES, a aldeia, uma pequena faixa de litoral, onde ficam as praias de Itaoca e Itaipava.
A partilha dessa emancipação tem nuances que só a política explica.
Itapemirim abocanhou as terras produtivas do interior, incluindo a Usina Paineiras, produtora de álcool e açúcar.
Marataízes ficou com a maior faixa de praia, 20 km contra cinco, mas é Itapemirim quem recebe a maior fatia de royalties do petróleo, produzido no mar capixaba, ocupando a 5ª posição no ranking estadual. Já a aldeia figura lá pelo 20º lugar, entre os arrecadadores do tributo.
Vai entender a lógica.
Indo ao que interessa, a imprensa do Estado noticiou que o mar voltou a destruir parte da pista, reconstruída há poucos meses, na orla de Itaipava, onde tá também o mais importante porto de pesca capixaba, sobresaindo o atum.
Por conta disso fizeram um enorme espigão no mar, aquele aterro com pedras, pra proteger a área onde os barcos atracam.
Resolveu um problema e criou outro.
Aí tiveram que fazer outro espigão, dividindo a enseada, principal atrativo local, ao meio.
O mar voltou a tomar o que é seu.
Os "çabios" projetaram uma contenção de pedras, na lateral da pista, próxima da areia, pra segurar a fúria da água, acreditando que estava tudo dominado.
Bastou a próxima ressaca do mar, a notícia do jornal.
A declaração de um cidadão, registrada pela matéria, mostra a sua preocupação com a pista por permitir a passagem de um só veículo.
É, precisamos evoluir mais.
Criar e respeitar uma faixa de proteção entre a ocupação urbana e o mar, não faz parte da lógica e nem é prioridade pra maioria das pessoas, que avançam, cada vez mais, com suas construções sobre o mar.
Mas a conta, sempre mais salgada, tá chegando.