segunda-feira, 29 de junho de 2009

O "pum" da Usina Paineiras



Aqui também tem o lado grotesco do desenvolvimento.
Neste período do ano, época da colheita e moagem da cana pra produção de açúcar e álcool, com a corrente de vento sul, a aldeia fede.
É o peido da Usina Paineiras.
Foi a designação mais amena que encontramos pra batizar a fedentina que impregna o ar, deixando-o irrespirável.
A catinga vem do vinhoto, subproduto da moagem, canalizado em valas abertas até às plantações próximas da indústria, depois lançado sobre a terra como adubo.
É insuportável, ocorrendo com mais frequência ao amanhecer e entardecer. E olha que a zona urbana da aldeia fica a uma distância de uns 15 km, em linha reta, da indústria.
Essa poluição me lembrou de outra similar, vivida no final dos anos de 1970 e início de 1980, ainda morador de Vitória, após a inauguração da fábrica de celulose da Aracruz Celulose. A distância da indústria lá era maior, uns 40 km em linha reta, o que não aliviava em nada o mau cheiro. Era agravado por ela estar instalada ao Norte da capital do Estado, garantindo fedor nos quase 364 dias do ano, trazido pela corrente de vento nordeste. Após muitas reclamações conseguiram dar um jeito na situação.
Aliás, a predominância da corrente de vento nordeste sobre Vitória fez com que o cientista Augusto Ruschi, o do beija-flor, fizesse um alerta sobre a implantação do pólo siderúrgico de Tubarão, na parte Norte da cidade. Foi taxado de louco, inconsequente, chegando a sofrer ameaças de prisão e morte. Hoje os moradores de Vitória, Vila Velha e Cariacica, respiram ar "vitaminado" por pó de minério.
É a insensatez humano.