segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Vida de La Pinto


A televisão sempre foi a sua grande paixão. Não que tenha relegado às calendas outras formas de entretimento. Numa determinada fase da sua vida só saia de casa após assistir as três novelas. E não tinha argumento que a demovesse dessa caturrice. Cedia apenas diante da possibilidade de ter TV onde estava sendo convidada, pois sabia que estavam tirando o seu chão dos seus pés.
Rotineiros eram os embates acalorados quando alguém perguntava alguma coisa sobre o enredo ou se fizesse qualquer comentário sobre o ator e a atriz. Quem mais sofria era a Leda Maria, goiana, que vinha encontrá-la no verão. Totalmente alheia as tramas e doida por um dedo de prosa, danava a perguntar.
- Quieta, Leda, respondia la Pinto.
Com a diversificação da programação das TVs, principalmente com as transmissões esportivas, passou a dividir seu ardor televisivo. Foi também uma forma de reviver seu passado de atleta, na seleção capixaba de vôlei. Aos domingos, com programação de três ou mais eventos esportivos, o Walmir Fiorotti, outro amigo, criou o domingão de la Pinto.
A sua aposentadoria trouxe outra forma de brincadeira: Vida de la Pinto. É que sobrou mais tempo e comprou outro aparelho pra sua sala de estar, solução encontrada pra assistir simultaneamente novelas e eventos esportivos, após instalar a TV a cabo. E dava conta do recado. Inclusive, adquiriu um novo hobby, as lutas livres das madrugadas, mantido livre do sono, exercitando o seu karate boliviano.
Hoje, Ângela Pinto, grande figura, amiga e companheira, dos tempos de Vitória, capital capixaba, não abandonou a TV, mas já não tem o mesmo fervor de outrora pelas três novelas, embora ainda seja incapaz de ficar 24 horas sem olhar pra telinha.