sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Amarraram os serradores


Uma réplica de dois serradores de madeira, de tamanho médio, enfeita os jardins da pousada Cia do Peixe, aqui na aldeia, Marataízes/ES, onde passei a fazer a hidroterapia - valeu Serginho -, recurso da luta pela autonomia de ir-e-vir que a siringomielia teima em tirar de mim - os relatos da doença estão na série no lado direito do blog.
O autor da peça utilizou a estrutura de um catavento e acoplou os serradores, um na parte de cima e o outro embaixo, cada um segurando a ponta do gurpião. Os cabras "trabalhavam" com vontade, serrando a velocidade da luz, impulsionados pela energia eólica de duas hélices descomunal ao tamanho dos bonecos. A pousada fica em frente ao mar e o vento não tem barreira, correndo livre.
A peça exemplifica um período importante do homus sapiens, no domínio da madeira, utilizando um instrumento moderno, uma revolução pra quem começou com a pedra.
Os serradores, portanto, são parte da história. Só que agora não mais estão acelerando o processo de destruição das matas. Tão incorporados à paisagem urbana, produzindo decibéis que perturbam o sono alheio.
Uns dos hóspedes, português, que trabalha na obra de recuperação da orla, destruída pela maré, decidiu acabar com a brincadeira, amarrando os serradores com uma sacola plástica de supermercado.
Parece que o silêncio para o sono nas noites maratimbense do gajo tá garantido.
Há uma semana que os serradores estão atados, desolados, sem serrar nada. Agora esperam novos ventos capazes de mudar o humor da criatura pra continuar a sua performance.

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